Silvio Santos pergunta à Carla Perez, sem constrangimento: você tem ensino fundamental? Ela não sabia em que parte do Globo Terrestre se localiza o Alaska; o confundiu com praia, ao “chutar” uma resposta qualquer. À indagação do apresentador da emissora SBT ela respondeu que sim.
A ex-dançarina frequentou, sim, alguma escola de ensino fundamental nordestina, provavelmente pública, assim como a grande maioria das crianças brasileiras, cujos pais não possuem recursos financeiros para arcar com os custos de uma escola particular.
A ignorância a que se conduz um ensino desestruturado, com professores não qualificados – ou, muitas vezes, sem o necessário ânimo de ensinar, por diversas razões – só faz crescer o analfabetismo funcional, aumentando a quantidade de adultos incapazes de reconhecer Estados e/ou Territórios geograficamente; compreender as leituras que fazem – quando o fazem; se comunicar de maneira inteligível com as demais pessoas educadas, tal no sentido de formação escolar.
Esse ensino insuficiente e ineficiente a que são submetidas milhares de crianças brasileiras leva à incapacidade de, posteriormente, ingressar em uma universidade pública, quiçá conquistar um bom emprego. O analfabeto funcional chega, claro, às universidades, às vezes pela facilidade de ingresso ou, atualmente, através das cotas, fato lamentável e desestimulante para aqueles que acreditam que o diploma universitário não supre a necessidade de conhecimento de base, não restrito à tabuada ou a regras gramaticais, mas pautado na cultura, literatura, pensamento crítico.
A falta de interesse pelo ensino fundamental por parte do governo e da própria sociedade mostra o quanto a verdadeira educação é desmerecida em razão da valoração que se dá aos “títulos da educação”. Àqueles com recursos financeiros, há escolas preocupadas com a formação educacional estrutural; àqueles sem recursos, restam as escolas públicas e o desconhecimento do que é e onde fica o Alaska.