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04/06/2006

Sobre parquinhos e leis

Nunca gostei de futebol. Ainda hoje faço um enorme esforço para conseguir assistir esse jogo que envolve 22 pessoas, duas traves e uma bola. Uma hora e meia é muito mais do que consigo agüentar.

Mas também não posso negar que não gosto do evento que é a Copa do Mundo, aliás, por mais aversão ao futebol que uma pessoa possa ter, é impossível ficar alheio ao espírito festivo de uma Copa.

Pois bem, estava eu voltando do trabalho, quando vejo duas crianças jogando bola num parquinho. Em um terreno improvisado –a trave era a armação de um brinquedo de balanço-, apenas dois meninos de não mais de 12 anos de idade jogavam futebol, um chutando e o outro no gol. Combinaram rapidamente que papéis assumiriam naquele chute: Um seria Roberto Carlos, já o goleiro assumiria o papel de Dida.

Após o chute, Dida nem se mexeu, já que Roberto Carlos havia chutado a bola para além da cerca do parquinho, e obviamente, fora do alcance dos dois jogadores. Foi daí que surgiu o momento do impasse, afinal, quem iria buscar a bola? Segue abaixo a transcrição do diálogo:

 

-         Bem, se você chutou, você devia buscar a bola lá fora...

-         Mas se você é o dono da bola, é o seu dever como dono ir buscar a bola pô!

 

Diminui o passo, queria saber quem iria buscar a bola.

Particularmente torcia para que o Roberto Carlos fosse buscar a bola, já que além de chutar para fora, a idéia do dono ter o dever de busca-la soa um pouco absurda até mesmo para um garotinho.

Mas para a minha tristeza lá foi o goleiro magricela buscar a bola, cabisbaixo e irritado, que estava parada a dois metros de mim. Não agüentei e tive de intervir:

 

-         Se a bola é sua, por que você está vindo busca-la?

-         Poxa, ele falou sobre uma lei que eu nem sabia que existia nesse parquinho! É meu dever buscar a bola!

-         Mas o dono da bola é você, se você não quiser buscar a bola diga apenas que a bola é sua e se ele não vier busca-la é o fim do jogo. Fim de papo.

 

Um sorriso se abriu em seu rosto. Ele deixou a bola exatamente onde estava e voltou ao parquinho. Antes de o parque sumir da minha vista pude ver Roberto Carlos voltando para dentro do parquinho com a bola nos pés.

 

Fiquei pensando, um garoto de apenas 12 anos de idade conseguiu inventar “uma lei de parquinho” e manipular uma pessoa usando uma lei que nem existia.

“Um garotinho! De 12 anos de idade!”

Esse pensamento me assustava. Quantas leis tão idiotas como essa nós somos obrigados a seguir à risca? Quantas vezes eu fui enganado por pressupostos que nem devem existir de verdade?

De quem seria a culpa? Do atacante esperto ou do goleiro ingênuo?

De uma vítima ignorante ou de um indivíduo aproveitador?

 

A cada dia penso mais na minha máxima de que só existem dois tipos de pessoas. As que mandam e as que são mandadas. As que controlam e as que são controladas.

 

A minha pergunta é: Que tipo de pessoa você é no jogo da vida?

O dono da bola ou um simples gandula?


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