Sempre gostei do humor inglês... que debocha das coisas mais simples do cotidiano de forma sutil, acabamos rindo de nós mesmos sem perceber. Nesse enfoque 'O Diário de Bridget Jones' é uma obra prima, daquelas que merecem bater recordes de bilheteria. Quando eu li a sinopse não imaginei muita coisa, achei que ia acabar num filme bobinho e bem água com açúcar. Que nada... O filme é uma crítica aos padrões mais convencionais e midiáticos.
Bridget é do tipo fofinha (pra não dizer gordinha), desajeitada, comete uma gafe atrás da outra e não se fecha em convenções arcaicas. A versão contrária da heroína de Hollywood transa sem compromisso, está sempre com o cabelo desarrumado, fuma e bebe muito. Seu grande trunfo é um senso de humor único e uma sensibilidade tocante, tudo isso ganha mais força com a sua turma de amigos nada refinados. Eles se encontram num típico pub inglês esfumaçado, exageram nas palavras de baixo escalão e trocam confissões.
No diário, a heroína descreve sua promessa de mudança (feita na virada para o ano novo), coisas corriqueiras como parar de fumar, beber menos, emagrecer e encontrar um namorado de verdade. Junto com a promessa começam a aparecer as tradicionais imagens: academia, ginástica, mudança das suas roupas... Raciocínio provável: ela vai emagrecer, se transformar numa profissional dinâmica, encontrar o homem da sua vida e virar uma mulher de sucesso. Certo?! Errado!! Ela até emagrece um pouco, mas depois engorda e ainda entra num relacionamento furado.
Quer enredo mais realista que esse? As academias de ginástica nessa época lotam com gente tentando eliminar os quilos a mais do inverno e procurando as formas perfeitas que se propagaram com mídia. Mais alguns meses e chega o verão, junto com ele a praia, os amores de temporada e as roupas decotadas. Podemos não ter um chefe (ou mesmo conhecido) como o Hugh Grant, mas muitas mulheres podem se identificar com as aspirações de Bridget de entrar em forma e encontrar um grande amor (se ele for parecido com o Hugh Grant, melhor ainda).
E se, como com Bridget, o regime falhar? Tem a canga para tapar os quilinhos extras. E se a academia não der certo? Tem a praia para caminhar ou andar de bicicleta, o Cassino é ótimo para isto. E se encontrar o Hugh Grant? Bem, tome cuidado para não desmaiar. Enquanto isso, a gente curte o que tem, procura o que deseja e aprende com Bridget Jones como pular aqueles obstáculos que cismam em aparecer na nossa frente e, de quebra, se diverte com suas atrapalhadas.
E como fica o fim? Feliz ou frustrante? Isso só vendo o filme para saber.