Quem tem cabelo crespo vai entender direitinho sobre o que eu quero falar.... É da umidade, marca registrada de Rio Grande. Essa umidade que deixa marcas nas paredes, contamina os armários com um cheiro nada agradável e dificulta a secagem de roupas, tapetes e tudo mais que a gente precisar com urgência. Ela mesma, que paira pelas ruas da cidade com seus prós e contras.
Pois a dita é responsável por aquela sensação de, no inverno, colocar toda a roupa possível e mesmo assim não ser o suficiente para diminuir o frio, deixando as meias úmidas e os pés gelados. Ou ainda, no verão, sentir o calor mais denso e os movimentos mais lentos. Ela mesma, que se por um lado dificulta a manutenção dos prédios históricos, por outro ameniza a secura da pele, fazendo um par afinadíssimo com o suor.
Quem gosta dessa umidade constante que se apresente, mas não se espante se for minoria. Também não vem falando sobre os aparatos que ajudam a diminuir os seus estragos, que eu ainda estou vasculhando a minha cabeça para encontrar o que ela tem de útil. E só vem argumentando com os contrastes entre terras secas e úmidas se já viveu nessas duas realidades e, de preferência, por um bom tempo.
Os usuários de Internet discada que o digam. Aquele ruído que acompanha o barulho da conexão pode muito bem ser a umidade contaminando a linha telefônica. Sem contar as interferências no acesso, que cismam em atrapalhar os downloads mais importantes. Já ouvi as dicas mais variadas para isso, desde passar o secador de cabelo na tomada telefônica onde liga o modem, até trocar toda a fiação.
Os maiores prejudicados com essa umidade excessiva são os cabelos crespos, que parecem gostar da rebeldia (sem obedecer a pentes e escovas), relutam contra as chapinhas e mostram-se alvoroçados em tempos de chuva. Se quiser confirmar isso, é só olhar para alguém geneticamente dominante (ou seja, crespo) e ver se seus cabelos estão revoltos, como quem acabou de levar um choque. Se a resposta for sim, é o dedinho da umidade se apresentando.
Mas se para viver sem umidade eu tivesse que escolher morar longe do mar... eu colocaria bastante roupa no inverno, aplicaria a dica do secador de cabelo na tomada telefônica e aderia à moda do cabelo preso.