A surpreendente exposição do jovem historiador rio-grandino EZIO BITTENCOURT, patrocinada pelo Museu de Comunicação Social Rodolfo Lima Martensen e pelo Museu da Cidade do Rio Grande, e que está acontecendo na sede da Coleção Histórica deste último, no prédio neoclássico da Antiga Alfândega, constitui-se num importante contributo para a educação patrimonial da nossa gente.

Justifico afirmando que se as pessoas se maravilham com a qualidade da arquitetura, da escultura e da ótima conservação dos monumentos apresentados, sejam prédios, sejam conjuntos escultóricos, poderão concluir que temos também maravilhosos exemplares e que muitos deles estão carecendo de restauro para voltarem a estampar o brilho do passado.

Esses testemunhos que eles realmente são de períodos de apogeu da cidade mais antiga do estado, podem e devem ser bem utilizados para incrementar o seu turismo, exatamente explorando o patrimônio construído que é ímpar no Brasil. A qualidade das fotos do Ezio é excepcional, tão boas como as de nossos atuais fotógrafos profissionais destacados que se dedicam a este tema, como João Paulo, Celmer e Chico Maurente. A exposição intitulada Europa: Culturas & Imagens consta como sendo de um fotógrafo amador, mas a excelência das imagens contradiz esse registro, sendo 30 fotos admiráveis. Elas captaram detalhes da arquitetura ou da estatuária de cidades da Alemanha, Suíça – onde o Ézio está realizando seu doutorado – França, Itália, Áustria, República Tcheca e Turquia. Ele mostrou-se um mestre no uso da luz natural, a ponto de a Fontana de Trevi de Roma, por exemplo, parecer ainda mais linda do que a conhecemos ao vivo, ou o chafariz da Place de La Concorde de Paris mostrar um colorido que não conseguimos vislumbrar quando lá estivemos no lindo outono de 1998.

Ele percorreu cidades do interior da França que não fazem parte dos roteiros habituais dos turistas brasileiros, e registrou fachadas de rara beleza e detalhes inusitados da arquitetura. Exemplares de arquitetura nos estilos Barroco, Neoclássico e Eclético ou Historicista, como também possuímos na cidade do Rio Grande estão muito bem apresentados, animando-nos a restaurarmos os nossos, pois é uma das modalidades de turismo, o turismo cultural, aquele que mais facilmente poderíamos explorar, pois o componente fundamental e mais custoso qual seja o patrimônio construído, nós já possuímos, e ele está recheado de história, a qual se confunde com a história do Rio Grande do Sul e da consolidação das nossas fronteiras com a chamada América Espanhola.


Arquiteto Oscar Décio Carneiro
Presidente do Núcleo Cidade do Rio Grande do Instituto de Arquitetos do Brasil