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Arquitetura

08/06/2002

Educação patrimonial: vamos salvar o primeiro prédio

Por sugestão do deputado estadual Bernardo Olavo de Souza, autor das leis que declararam a cidade do Rio Grande, mais cinco cidades e o distrito de Santa Isabel como Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul, cada uma delas deverá escolher um prédio para ser restaurado. Os projetos de restauro, atividade privativa de arquitetos, será elaborado sem custos para as comunidades pelo arquiteto William, e será de Pelotas a promotora cultural dos prédios apresentados pelas seis cidades. Aprovados pelo Conselho Estadual de Cultura serão buscados os patrocínios através da LIC – Lei de Incentivo à Cultura. São José do Norte escolheu já a sua velha Matriz, iniciada em 1840 e inaugurada em 1860. No momento em que os rio-grandinos escolheremos também um prédio, abro meu voto que é no Cassino dos Mestres, aquele sobrado muito lindo e abandonado, da esquina da Dois de Novembro com Rheingantz, de aspecto que lembra a arquitetura alemã dita de enxaimel. Para poder defender com firmeza essa opção, fui buscar subsídios.

Conversei longamente com a arquiteta Vivian Silva Paulitsch, que está desenvolvendo sua tese de mestrado na Universidade de Campinas sobre as “vilas operárias das indústrias têxteis”. Ela me assegurou que o Cassino dos Mestres, que era um prédio para o lazer e a hospedagem dos mestres alemães trazidos para a Fabrica Rheingantz, foi iniciado em 1911 e concluído em 1912, tendo sido projetado pelo arquiteto alemão Theo Wiederspahn. Esse famoso arquiteto, que trabalhou na firma de Rudolf Ahrons, projetou em Porto Alegre prédios que são referência, como aqueles que abrigam hoje o Memorial do Rio Grande do Sul e o Museu de Arte, e os dois primeiros blocos da antiga Cervejaria Brahma. O prédio apresenta uma fachada bem movimentada, com arcos, balcões, telhados bem marcados e as madeiras embutidas na alvenaria próprias do enxaimel.

Com a Maria Amélia Marasciulo pude examinar as fotos em preto e branco que ela fez para a tese da Vivian. Notei que de cada detalhe construtivo, como o telhado em telhas ditas francesas, o forro de saia-e-camisa, as paredes divisórias do piso superior, os assoalhos, as portas, os caixilhos das janelas, a escada rendilhada pré-fabricada, as madeiras do enxaimel, existem ainda peças inteiras ou pedaços que darão subsídios para suas restaurações. Mas como a casa está abandonada e parte do seu telhado ruiu, a chance de restaurá-lo está num momento crítico. Ou deixamos que ele caia, apagando uma parte tão significativa da nossa história e identidade como cidade industrial, que se gabava, no início do século XX de ter uma indústria que tinha preocupação com o social, exemplo copiado da Europa, mas raro no Brasil, ou vamos salvar o primeiro prédio. Emblematicamente salvar o primeiro prédio significa dar início ao processo de restauração do patrimônio construído de uma fábrica pioneira na América Latina, grande orgulho da cidade do Rio Grande. Outra alternativa, restaurar o Mercado Municipal entendemos que é ação que tem condições de esperar mais algum tempo, pois esse muito importante prédio, apesar de concluído em 1863 goza de relativamente boa saúde. Conclamo a todos os que têm voz e voto nesse processo que deve ser eminentemente cultural que se engajem nessa cruzada pela identidade cultural da nossa cidade. Vamos salvar o primeiro prédio.

Arquiteto Oscar Décio Carneiro
Presidente do Núcleo Cidade do Rio Grande do Instituto de Arquitetos do Brasil

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